terça-feira, 27 de novembro de 2007

Ainda não sei....

Entre pontos e linhas...

entre curvas e simetrias...

entre o translúcido e o cristalino....

me perco no caminho,

ainda confusa.... sem destino...

olhar perdido,

cabelos em desalinho....



aos tropeços e atropelos caminho por entre portas que ainda não sei onde irão...

Portas com interrogações, por vezes maiores que aquelas que me guiaram até ali....

olho ao redor....

encontro dúvidas, idéias, cartas, fotos.....

mas em meio a todo este conteúdo disperso... quem sou eu????



Por onde caminhará minh´alma nas noites insones em que suspiro agoniada a olhar pela janela...
Pelos frios vidros transpassam todas as emoções da cidade adormecida...
Absorvo-as e tento decifrar, entre confusa e decidida...
Quais são das ruas e quais são as minhas...

Há tempos um vazio estranho e crescente me consome as entranhas,
Presa de inquietações me deixo cair na poltrona...
livro nas mãos, música no ar....
pensamentos despertos, enrodilhados, preparando o bote na mente desavisada...

Devaneio freneticamente sem saber onde pousar minhas idéias incandescentes,
e neste transe me permito ficar...
Imagino... suspiro... raciocino...
Onde estará a razão daquela vaga imensa que ameça me engolir a todo instante?

Num estalo me ponho de pé, olho a janela.... a friagem, a neblina....
Paisagem distantes povoam minha alma...
Meu coração se acalma..aquieta...conforta....
É... a mesma e velha apreensão de sempre....

Onde estará meu anjo perdido...
O anjo que toda noite vem me ver
e toda manhã escapa da minha mente....

Em qual rua da cidade insana e agitada
encontra-se em doce sono nesta noite fria
a alma amada, minha doce alegria...
perdida entre prédios e esquinas,
saberá ou ao menos imagina...
que em outra janela te espero ansiosamente...

Sonho, te tenho constantemente povoando meus sonhos e suspiros...
Ébria da paixão não fundada
caminho ainda solitária
me falta tua mão por guia...

Aspiro aos teus beijos
Necessito do teu abraço
Ansei por teus olhos
Descansar no teu regaço....

Mas ao nascer do sol se renovam as esperanças
de que não te tornes apenas lembrança
de suave sonhar

Sinto na alma confrangida
que dia a mais ou em noite bandida
entre sóis e luas errantes
haverá o encontro dos amantes

E finalmente, em teus braços adormecida, em sonhos reais poderei acordar...

domingo, 17 de junho de 2007

Dolorosas Contradições

Menina ou mulher....
Ignorar ou saber?....
Cabeça ou coração?...
Razão ou emoção?...
Ah!... Saudades da inocência....
por vezes a ignorância pode ser uma dádiva
Quando se caminha sem a exata noção da estrada é a ansiedade que permanece... alerta... contudo, há mistérios deliciosos a serem desvendados....
Quando se sabe onde pisa... a segurança encontra morada na total racionalidade....
Perdem-se as ilusões...
o coração endurecido por cáusticas lágrimas recusa-se a abrir as portas...
os sonhos desvanecem-se em poeirenta realidade....
Lembrando-nos a cada segundo aquilo que o coração anseia e a mente nega!....
O instinto segura as rédeas do impulso....
Começa a guerra!.....
Uma luta interminável entre cabeça e coração....
E este, pobrezinho.... sempre sai descontente pois aquela é infinitamente mais dominante que ele
Enquanto ele se seduz com emoções, ela se fortalece com argumentos racionais....
Ele se perde em detalhes....palavras.....
Ela se atém aos fatos... e sabe cada minuto do histórico...
Ele sufoca de solidão...
Ela cresce em cada queda....
Ele chora...
Ela se arma....
Ela o ama!.... Ela o defende!....
Ele nem discute..... ela está certa!....
Enquanto essa guerra terrível se desenrola a pobre menina se perde no labirinto de sua alma... sem nenhum dos dois a guiá-la....
A menina tinha sonhos....
A mulher tem certezas....
As duas ainda moram no mesmo corpo.... e nenhuma delas sabe onde isso acaba!....
Uma canta...encanta....
a outra impacta, assusta....
uma é doce...
a outra é ácida...
uma se entrega...
a outra se esconde...
uma valsa em doces devaneios...
a outra controla seus anseios....
uma exala e aspira ao amor...
a outra se mantém segura atrás de seus altos muros de razão...
uma constrói castelos....
a outra os derruba...
Uma se apaixona...
a outra joga impiedosamente...
Ambas choram as grossas lágrimas da realidade que sufoca a menina...
e transforma em deserto a alma da mulher.....

Letras incontroláveis

Letras incontroláveis...
Incontidas...
Incansáveis...

Embaralham-se a todo momento....
formando palavras, desenhando sentimentos...

Ousadia de poema em letras soltas...
Tentativas vãs de expressar...
Sonhos, canções, momentos...
Fotos da vida... recordar.

Palavras que se confundem numa dança magistral...
Regidas pela orquestra da imaginação...
Descrevendo o imaginário e o real...

Definir um suspiro poético não seria possível nem que o alfabeto tivesse asas
pois a alma do poeta delas não necessita para voar....
mas as usa com todo carinho e delicadeza,
esperando encontrar....
entre letras, espaços e pontos
um modo de amar...
ao mundo....

O suspiro que n'alma nasce precisa dela saltar
em amplos vôos.... pelos olhos dos outros...
em outras almas pousar...
carrega consigo esperanças e sonhos a realizar...
ilumina estradas cinzentas e áridas....
num suave bafejo.... leve brisa perfumada de flores...
nas areias fazendo brotar...
novos amores....
vida...

Poesia é alegria...
loucura, fantasia....
alento... e solidão...
lágrimas, amor.... paixão...
Enfim, letras que teimam em sair do peito numa explosão incontestável de magia....